A intencionalidade vs. o piloto automático nas nossas carreiras

A intencionalidade vs. o piloto automático nas nossas carreiras

Não preciso falar que vivemos numa era “multitask”. Todos somos estimulados a fazer mais. Todos temos, quase ao mesmo tempo, que responder ao cliente, dar atenção à equipe, desenvolver um projeto novo ou apresentar algo ao chefe. Escalar é o mote. Tudo é exponencial.

Mas não é só isso. Fora o trabalho (que já ocupa quase todo o nosso dia), temos que cuidar dos filhos, dos familiares idosos, do corpo, além de tirar (e editar) fotos lindas para as redes sociais.

E a solução parece estar em fazer cada vez mais coisas simultaneamente. Responder emails enquanto está correndo na esteira; fazer reuniões semanais de área enquanto está dirigindo; responder mensagens do chefe no jantar com amigos; ou escrever o post sobre a premiação que recebeu no trabalho nos poucos minutos que sobrariam para os filhos.

Este eterno fazer pode até dar uma sensação momentânea de eficiência. “Olha como consigo equilibrar tantos pratos ao mesmo tempo”. Nos achamos super-executivos!

Mas a conta chega (e cada vez mais cedo!). Não preciso chegar nas estatísticas alarmantes de burnouts. Antes disso, lembro, a partir das conversas diárias com executivos, de falas como: “Só fui levando. Fui fazendo. Fui entregando. Mas nunca parei pra pensar sobre a minha carreira, se era aquilo mesmo que eu queria.”

E é esse o problema. Levados por essa pressão social de parecermos cada vez mais ricos, mais bem-sucedidos, mais bonitos, mais saudáveis, mais, mais e mais, não paramos para refletir: “É isso o que eu quero para a minha carreira?”. E em última análise: “É isso que quero pra minha vida?”

Tudo tem que ter um objetivo. Fazer por fazer, para “ser mais” e mostrar para os outros, definitivamente não tem sentido. Buscar a resposta para “o que realmente é importante para mim?” (e não para minha mãe, minha esposa, meu cunhado no churrasco, meus amigos ou um bando de gente que nem sabe quem eu sou). Ou ainda para: “O que vai fazer diferença na minha vida daqui 10 anos?” (e não o que vai trazer mais likes nos próximos 15 minutos).

Hoje, estou convencido de que menos é mais. Fazer menos coisas, para menos gente, com excelência, agregando para o que entendo ser importante. Ao fazer isso, provavelmente vou abrir mão se ser milionário, famoso ou algo do tipo. Mas meu trabalho terá muito mais significado.

Assim, busco focar num trabalho com a maior qualidade que eu puder, buscando deixar meus clientes muito satisfeitos. Busco equilibrar este trabalho de forma saudável com minha fé, minha família e minha saúde. É fazer menos, mas com intencionalidade. Cada email, cada mensagem, cada conversa, cada interação tem um porquê.

E sempre que percebo que estou no piloto automático, é hora de parar e pensar. Mesmo sendo este um processo natural do nosso cérebro, não posso me render 100% a ele. Sei que é muito fácil me deixar levar pelos impulsos externos deste mundo. E que, quando isso acontece, provavelmente estou no caminho errado.

Por: João Paulo Faleiros