A ascensão – e queda – das carreiras meteóricas

A ascensão – e queda – das carreiras meteóricas

Quase todos conhecem histórias de carreiras mais ou menos assim: um jovem com boa formação entra numa empresa que lhe dá grande exposição. Ele trabalha duro, é verdade, mas ascende a uma posição de destaque muito mais rapidamente do que o normal. Esta ascensão ocorre com base no patrocínio de um executivo sênior (presidente ou diretor) que enxerga enorme potencial neste jovem, acreditando nele e o promovendo sucessivamente. O jovem fica conhecido como “o menino de ouro” do Fulano de Tal (executivo sênior que o patrocinou).

Muitos profissionais com história similar a essa seguem suas carreiras brilhantemente, servindo de modelo para outros jovens ambiciosos. Esses casos ganham grande notoriedade. Mas lanço luz aqui aos que não tiveram a mesma sorte – àqueles que, por terem voado alto, vivenciaram enorme queda.

Voltando à história original, o problema é quando o patrocinador do “menino de ouro” sai da empresa e seu substituto não enxerga todo aquele potencial no jovem profissional. Como a percepção anterior foi construída com base em algo que ainda iria acontecer (potencial, muitas vezes avaliado subjetivamente), e não no que de fato já aconteceu (entregas sucessivas e consistentes), o novo gestor não vê tanto valor no profissional. E como o jovem executivo ocupa posição de destaque e é caro, ele acaba sendo o primeiro alvo de corte na nova estrutura.

Este é o lado B, bem menos noticiado, de muitas (até então) carreiras meteóricas. E é impressionante como toda semana converso com pelo menos um ou dois executivos com trajetórias muito parecidas com esta.

Para o jovem executivo, essa realidade é devastadora. Até então, ele era a personificação do sucesso. Todos diziam que ele era o máximo. Ele tinha status. A conta bancária só crescia. E um dia tudo isso cai por terra numa reunião de desligamento.

Mas o pior vem depois. Meses se seguem e a recolocação não vem. O mercado também não vê nele aquele “potencial”. No início, ele mantém a pretensão salarial parecida com o que ganhava. Depois vai diminuindo. E a autoestima, antes tão elevada, vai definhando. É comum eu conversar com profissionais neste contexto claramente deprimidos. Alguns inclusive se emocionam na entrevista. É bem triste.

Podemos tirar algumas lições destas histórias. Inicialmente, precisamos sempre lembrar (de maneira geral, ou seja, tendo tido “carreira meteórica” ou não) que não “somos” a posição que ocupamos. Nossa posição na empresa é passageira e subitamente ela pode mudar. Isso traz implicações emocionais, psicológicas e financeiras.

E para os mais jovens: busquem uma base sólida. Evitem acelerar artificialmente suas carreiras. Tem coisas que só a experiência vai trazer. Receberam uma proposta para ganhar mais do que valem? Ok, mas saibam que é um jogo. Vocês podem ganhar, assim como podem perder. O problema é se acreditarem que são “tudo aquilo”, mesmo tendo queimado etapas. Aí, se perderem, o tombo pode ser muito grande.

Por: João Paulo Feleiros