28 maio A pausa estratégica que ninguém planeja!
Nos últimos 15 anos, ele esteve à frente de decisões estratégicas em fases-chave da organização.
Participou de M&As complexos, liderou a estruturação de novas unidades de negócio, enfrentou ciclos desafiadores, conduziu desinvestimentos estratégicos e deixou uma marca profunda por onde passou. Uma trajetória sólida, construída com entrega, competência e consistência.
Mas foi ao deixar a empresa, há menos de um mês, que uma nova sensação tomou conta do seu dia a dia: a ausência de ritmo, de agenda, de ruído. E, com ela, um tipo de silêncio inesperado.
Acostumado a jornadas intensas de 10 ou 12 horas diárias, sentiu-se desconectado da própria rotina. E não por falta de projetos, mas porque a identidade profissional ainda ocupava um espaço difícil de preencher.
Nessa conversa que tivemos, ficou evidente o quanto lidar com a pausa pode ser mais desafiador do que parece. É comum que ela venha acompanhada de angústia, culpa ou da pressa para “voltar ao jogo”.
Há pausas que não são planejadas. Surgem da própria lógica de amadurecimento de uma jornada. E reconhecer isso não é tão simples , especialmente em um mundo que valoriza a aceleração.
A ausência de reuniões, prazos e entregas não representa um fim. Pode ser um espaço novo, ainda sem nome, onde a mente começa a descomprimir. E esse processo, por si só, já é profundamente revelador.
Há também outro ponto pouco falado: o quanto a performance constante, mantida por anos, pode nos afastar de papéis que nunca deixaram de existir, mas foram sendo colocados em segundo plano. Quando o crachá sai da rotina, sobra um tempo que pode, enfim, ser dedicado ao que sempre ficou para depois.
Reconhecer o valor da pausa pode ser o início de uma nova construção.
Algumas experiências só se tornam possíveis quando o tempo desacelera. Um reencontro com a família. Uma viagem que sempre foi adiada. Um espaço para reorganizar prioridades. Um fôlego antes do próximo ciclo!
São nessas pausas que, muitas vezes, surgem perspectivas que nunca haviam sido acessadas.
Por: Alexandre Kalman