Quando foi a última vez que você disse para sua equipe: “Eu errei”?

Quando foi a última vez que você disse para sua equipe: “Eu errei”?

Em paralelo à minha atuação em Executive Seach, tenho o privilégio de atuar como coordenador executivo e professor em programas de Liderança. Recentemente, ministrando uma aula sobre Segurança Psicológica, fiz a seguinte provocação aos meus alunos: Quando foi a última vez que você disse para a sua equipe: “Eu errei”?

Com meus filhos adolescentes, consigo perceber ainda mais claramente agora como somos educados a vida toda para dar “respostas certas”. Acho até que o sistema educacional está um pouco mais consciente e flexível neste sentido atualmente. Mas, no final do dia, ainda somos avaliados quase exclusivamente pelo que acertamos, e menos pelo que aprendemos de fato.

Quando os pego na escola, sempre busco estimulá-los a refletir sobre o que aprenderam naquele dia – não só “academicamente”, mas nas interações com amigos, colegas e professores, ou a partir do que observaram. Sempre os provoco a falarem sobre acertos e erros. E quando estes últimos são o tema, pergunto: “ótimo, e o que você aprendeu com eles?”.

Apesar de sabidamente o erro ser uma forma muito eficaz de aprendizado, ele ainda é um tabu. E voltando aos meus alunos e aos executivos que entrevisto diariamente, noto que a falha é quase um assunto proibido. Isso é ainda mais acentuado neste mundo em que todos são estimulados a “vender” suas conquistas nas redes sociais (em que muitos exageram, trazendo artificialidade e uma presunção fora do razoável). Neste contexto, como vamos aprender a gerir nossas equipes e as nossas próprias carreiras se só enaltecemos os acertos, e nunca analisamos os nossos erros?

Avaliar os próprios erros requer maturidade. Requer um confrontar a nós mesmos, o que muito de nós não estamos dispostos a fazer. Requer assumir que não somos tudo aquilo que gostaríamos de ser (e de postar!). E os modelos mentais da escola, e agora das redes sociais, só nos atrapalham neste sentido.

No meu caso, utilizo minha fé para me revelar, dia após dia, as minhas misérias. Essa confrontação profunda e diária me traz dor, sem dúvidas – é muito mais confortável dizer que estou sempre certo! Mas ela é maravilhosa para o processo contínuo de amadurecimento tanto espiritual, como pessoal e, inclusive, profissional. Não tenho dúvidas de que hoje tenho uma visão mais privilegiada de minha existência como um todo do que há um ano – e espero que seja bem menor do que a que terei em 2026.

Assim, o convite que fica é: antes mesmo de admitir para sua própria equipe o que você errou, reflita intimamente sobre isso. Se você acha realmente importante criar uma pensona no LinkedIn, Instagram ou TikTok em que você só expõe suas vitórias, que seja, mas não acredite que você é esta persona. Não tenha dúvidas de que você tem muito mais a evoluir como profissional, como líder e como pessoa se olhar humildemente para seus erros, e não somente para suas glórias.

Fonte: João Paulo Faleiros