Quando entrevisto um executivo, sempre busco explorar o que o motivaria a mudar de empresa. A resposta número 1 é clara: “Não estou feliz onde estou”. Problemas de relacionamento com o CEO ou outros executivos, politicagem, desalinhamento cultural, ausência de perspectiva de crescimento, cobrança excessiva, falta de autonomia, solicitações para jogar “fora das regras” e até discriminação são elementos que os entrevistados reportam com frequência – por vezes, com riqueza de detalhes, quase como um desabafo.
Até então, sabendo que o mundo corporativo não é nada fácil, compreendo bem. O que seria em tese surpreendente – mas que pela frequência que acontece, já não me admira mais – é que, poucas horas depois de ouvir reclamações contundentes de um executivo sobre o seu ambiente de trabalho, abro o LinkedIn e vejo posts deste mesmo profissional, agora todo feliz e sorridente, fazendo juras de amor eterno à empresa, geralmente acompanhado de bordões do tipo “orgulho de pertencer”.
Apesar de entender que muitas vezes vivemos num grande teatro corporativo, confesso que me entristece um pouco ver tamanha esquizofrenia. Vejo tanto razões externas, quanto intrínsecas aos executivos, para que ajam desta forma. Externamente, há pressões das organizações para que seus profissionais façam propaganda efusiva nas redes. Já vi casos bastante explícitos em que os profissionais eram “fortemente estimulados” a promoverem suas empresas nas mídias sociais, de forma a fortalecer suas marcas empregadoras ou até mesmo suas marcas comerciais. Assim como eram terminantemente proibidos de postar qualquer coisa que pudesse direta ou indiretamente macular as imagens de suas corporações.
Ao mesmo tempo, também há questões de cada indivíduo: a crescente necessidade de se promover, de mostrar ao mundo que está sempre bem e de que é extremamente bem-sucedido por ocupar o cargo x na empresa y. Além disso, muitos percebem que fazer elogios midiáticos a seus gestores também ajuda a ganhar pontos importantes na corrida à tão desejada promoção.
Mesmo compreendendo estas questões, quando vejo estes posts apaixonados, lembrando do que ouvi do mesmo profissional minutos antes, me pergunto: Como realmente se sente esta pessoa que, por um lado, se diz quase deprimida, e por outro, se mostra a pessoa mais feliz do mundo – e em ambos os casos, pela mesma razão: a empresa em que trabalha?
Talvez nada disso seja uma grande constatação. Mas me soa como um alerta. Um alerta de que devemos ficar realmente atentos a tudo que vemos. Um alerta de que, na prática, a grama do vizinho tem enormes chances de não ser mais verde do que a nossa. De que a comparação com estes cenários falsos que vemos nada nos agrega. E de que temos realmente que nos voltar a nós mesmos, buscando o que nos completa profissionalmente, sem nos preocuparmos com o que mostrar aos outros – e, principalmente, achar dos outros, diante de tanta artificialidade.
Quando entrevisto um executivo, sempre busco explorar o que o motivaria a mudar de empresa. A resposta número 1 é clara: “Não estou feliz onde estou”. Problemas de relacionamento com o CEO ou outros executivos, politicagem, desalinhamento cultural, ausência de perspectiva de crescimento, cobrança excessiva, falta de autonomia, solicitações para jogar “fora das regras” e até discriminação são elementos que os entrevistados reportam com frequência – por vezes, com riqueza de detalhes, quase como um desabafo.
Até então, sabendo que o mundo corporativo não é nada fácil, compreendo bem. O que seria em tese surpreendente – mas que pela frequência que acontece, já não me admira mais – é que, poucas horas depois de ouvir reclamações contundentes de um executivo sobre o seu ambiente de trabalho, abro o LinkedIn e vejo posts deste mesmo profissional, agora todo feliz e sorridente, fazendo juras de amor eterno à empresa, geralmente acompanhado de bordões do tipo “orgulho de pertencer”.
Apesar de entender que muitas vezes vivemos num grande teatro corporativo, confesso que me entristece um pouco ver tamanha esquizofrenia. Vejo tanto razões externas, quanto intrínsecas aos executivos, para que ajam desta forma. Externamente, há pressões das organizações para que seus profissionais façam propaganda efusiva nas redes. Já vi casos bastante explícitos em que os profissionais eram “fortemente estimulados” a promoverem suas empresas nas mídias sociais, de forma a fortalecer suas marcas empregadoras ou até mesmo suas marcas comerciais. Assim como eram terminantemente proibidos de postar qualquer coisa que pudesse direta ou indiretamente macular as imagens de suas corporações.
Ao mesmo tempo, também há questões de cada indivíduo: a crescente necessidade de se promover, de mostrar ao mundo que está sempre bem e de que é extremamente bem-sucedido por ocupar o cargo x na empresa y. Além disso, muitos percebem que fazer elogios midiáticos a seus gestores também ajuda a ganhar pontos importantes na corrida à tão desejada promoção.
Mesmo compreendendo estas questões, quando vejo estes posts apaixonados, lembrando do que ouvi do mesmo profissional minutos antes, me pergunto: Como realmente se sente esta pessoa que, por um lado, se diz quase deprimida, e por outro, se mostra a pessoa mais feliz do mundo – e em ambos os casos, pela mesma razão: a empresa em que trabalha?
Talvez nada disso seja uma grande constatação. Mas me soa como um alerta. Um alerta de que devemos ficar realmente atentos a tudo que vemos. Um alerta de que, na prática, a grama do vizinho tem enormes chances de não ser mais verde do que a nossa. De que a comparação com estes cenários falsos que vemos nada nos agrega. E de que temos realmente que nos voltar a nós mesmos, buscando o que nos completa profissionalmente, sem nos preocuparmos com o que mostrar aos outros – e, principalmente, achar dos outros, diante de tanta artificialidade.